quarta-feira, 29 de junho de 2011

Coração

Seguro nas mãos o coração.
Sentindo o seu palpitar compassando a vida.
A sua dimensão é infinita,
pois tem de conter todo o amor que me constitui.

Quero partilhar contigo esse sentir.
Todas as fronteiras são transponíveis.
Os obstáculos são ilusões,
para testar a tenacidade daquele que contempla,
tal amor.

Seguro nas mãos o coração.
E toda a leveza do Ser emerge.
Na mais reluzente sombra e na mais escurecida luz.
O amor está presente,
sente-o,
deixa que se note em ti todo o seu esplendor.

Encontrar pedaços de mim em cada lugar,
em cada Ser.
Emoldurado pelo amor incondicional.

Seguro nas mãos o coração.
E o seu calor embala a inocência de cada momento.
Liberto-me do controle e confio.
Ele cuida de mim.



quarta-feira, 22 de junho de 2011

Iludir

Iludir o real pensando que existe.
Cada acto é uma tentativa de saber mais.
Lutando contra a natureza do Ser.

Acorrentados nesta ilusão de controle,
sobre a vida vivida a cada dia.
Querendo influenciar o momento,
baseados em memórias que se julgavam,
vividas.

Tudo isso é passado,
e no entanto,
existe agora mesmo.

Abraçados no tempo que julgávamos possuir.
Mas somos nós os contidos no tempo.
Onde apenas nele podemos existir.

Pois essa ideia de existir é uma parte,
limitada do Ser.
E no entanto existimos,
vivemos,
sofremos,
sentimos,
é esta a alegria que perdemos em cada momento.

Agarrados a um passado,
que não existe mais,
esperando por um futuro,
que nunca chegará.

E no entanto cá estamos,
vivos para o dizer,
e melhor ainda,
para o viver.

Eu cá digo presente à vida,
como és bela tu.
Nos teus braços me deito,
e embalo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Falhado

Sensação de desconexão do Ser.
Incumprimento de falsas expectativas que visam,
responder a papéis pré-concebidos.

Falhado por deixar de ser quem nunca fui.
Por me abandonar à existência de cada momento.
Pelo afogamento nos pensamentos dilacerantes,
que me responsabilizam.

Falhado por ser quem sou,
não podendo ser quem não sou.
O que me classifica de falhado,
é a parte limitada de mim que procura,
se manter no controlo,
qual vítima das circunstâncias.
Tomo a liberdade e deixo que partas,
enfim podes descansar.
Cumpristes o teu papel,
no despertar,
deste sonambulismo.

Fico por aqui Agora.
Desfrutando deste momento.
Em completa sintonia com a vida.

Como ela é carinhosa comigo,
e me reconforta,
e me impulsiona em,
cada recanto do meu Ser.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ilusão da Morte

Quando parece que tudo termina,
na verdade,
nem sequer começou.

Como pode acabar algo que não tem fim.
Apenas na ilusão limitada de ti,
reside a ideia de fim,
pois aquele que acaba,
é apenas a imagem de uma experiência.

A energia que te constitui vai bailando,
nas frequências de vibração.
Subindo e descendo.

E nesse entretanto,
vais vivendo e sentindo,
e deixas-te sofrer,
e amas desesperadamente,
como se tivesses fim.

Não importa aquilo que faças, pois estás sempre salvo.
Aquele que sofre,
desconhece a existência daquele que observa.

E chora sempre que vê um pedaço de si,
que julga como separado de si,
porque o vê como um outro corpo,
terminar a sua estadia nesta dimensão.

E a alegria de regressar a casa,
deixa de ser celebrada pelos que temem,
o fim daquele que é eterno.

Deixa que as lágrimas que derramas,
lavem a ideia de separação.
E nesse instante a união que continua a existir,
faz-se sentir.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Não sei.

Aquilo que julgava saber não é senão uma pequena parte,
daquilo que sou.
E aquilo que sou, o meu entendimento só consegue perceber,
uma ínfima parte.

A razão não tem espaço para abarcar a totalidade do meu Ser.
Ela cria ilusões que iludem as fronteiras desabitadas de mim,
não sabendo eu,
elas estão lá em permanência.

Sem fim nem principio,
em cada pedaço do existir,
passando nas lamurias vomitadas pela linguagem,
originada na limitação do percebido.

Sei que não sei tudo aquilo que sei,
pois aquele que diz que sei,
não sabe quem é por inteiro.

Só na limitação desta vida aquilo que sei,
tem lugar.
E ai, basta aquilo que sei,
porque o que não sei, não é suposto saber.

Como sei?
Porque não sei,
saberei quando for necessário saber.

Sei tudo o que sei ser necessário,
a este momento e,
no entanto ai tudo está contido.