sábado, 18 de agosto de 2012

Desfazer a linha




Quando deixei partir os limites que julgava ter,
despertei para a minha essência.
Percebi que tudo existe em mim,
a vida sou eu,
e tudo que pensava que sabia,
na verdade,
nada sabia.
O bom é que aceitando que nada sei,
permitiu-me a liberdade para Ser.
Quem tudo sabe sente-se limitado,
não tem mais para onde ir.
Nada sabendo,
aquilo que é revelou-se-me.
Não sei, é grito de liberdade,
de desapego do ego.
É uma escolha para deixar cair,
os medos,
os desejos de possuir mais.
O ego é uma linha que te mantém no mesmo lugar,
é uma ideia que te faz acreditar em ilusões.
Que te diz aquilo que é a verdade, aquilo que deves saber.
Não sei,
desfaz essa linha, dissipa as ilusões.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Caminhante



Enquanto caminho vou-me perdendo,
já não sei se caminho, se sou o próprio caminho.

Onde acaba um e começa o outro deixou de ser evidente.
Por isso continuo a caminhar e deixo de me interrogar.

A sensação dos limites quebrados, 
que deixam de balizar o eu.

E no entanto quando achava que ficaria perdido,
se não fosse eu,
aconteceu o contrário.

O eu que julgava ser é uma pequeníssima ideia daquilo que sou.
Pelas brumas do ser vou soltando ideias de mim.

Agora, enquanto caminho também sou o próprio caminho.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Deixar partir



Deixar partir aquilo que nunca tive,
tudo aqui me foi emprestado.
Na arrogância do ser, julguei que podia acumular,
coisas, bens, lugares, memórias, pessoas.
Como estava enganado,
na verdade eram elas que me possuíam a mim.
Pois  acreditava que elas me definiam,
que davam em sentido ao meu ser.
E no entanto,
tudo isso era uma ilusão.
Nada possuo, nada é meu.
Deixar partir essa ideia que somos um nome,
um corpo, uma mente,
e toda a sua envolvência.
Deixar partir, e
aquilo que fica,
é tudo,
é nada,
não tem definição.
Apenas a sensação,apenas o experienciar.
Deixei partir e sou livre.