quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A linguagem da essência

Sendo ele mais um humano procurando o seu espaço nesta existência, ele revia-se plenamente no amor, mas a vida tinha-lhe ensinado a viver o amor romântico de uma forma diferente daquela que lhe havia sido ensinada pela sociedade até então, onde é esperado que o amor romântico seja uma coisa exclusiva entre duas pessoas, como se o amor se esgotasse nos limites de dois corpos e a estes estivesse condenado a esmorecer. Aquilo que ele aprendeu é que o amor seja ele visto de que forma seja, em todas as suas múltiplas manifestações, o amor é ilimitado, nada o pode confinar, nada o pode agrilhoar.
Esta noção aliviara o seu desalento pois o amor que sentia existir em si não podia ser aprisionado à ideia de o reservar apenas a uma pessoa, isto porque ele estando ligado pela sagrada instituição do casamento a outra pessoa e que tradicionalmente lhe incutia a obrigação, até que a morte os separasse de amar aquela pessoa e mais nenhuma, sob o jugo de pecar se optasse por outra forma de se relacionar com o amor; ele sabia que tinha de libertar o seu amor, pois este era imenso, era ilimitado. O amor não se expressa apenas fisicamente, ele é antes de mais uma expressão espiritual, é a linguagem da essência e que se torna mais evidente há medida que é partilhado. O amor não se procura, pois quanto mais se procura o amor mais a ideia da sua falta se faz notar. O amor encontra-nos sempre quando nos abrimos ao seu aconchego, deixando de o procurar, ele vem e leva-nos consigo ao âmago da nossa essência. Ele tinha a noção disso e uma prova era o amor que sentia por ela, mesmo não a podendo amar como gostaria, quando acreditava que se tinha de limitar ao encontro físico dos seus corpos para poder expressar o seu amor. Apenas gostaria de selar esse amor com um beijo apaixonado, que permitisse mergulhar dentro dela e assim eternizar uma memória que lhe afagasse a alma. Um encontro de duas almas que se conheciam desde tempos imemoriais e que nas roupagens de dois seres humanos se voltavam a encontrar só que desta vez o destino quis que se encontrassem perto um do outro mas sem puderem se entregar completamente, pois partilhavam a sua existência com outras pessoas. E assim aprenderiam que o amor é muito mais basto que o encontro físico  e que este era uma pequena expressão, ainda que por vezes sublime, do que é a essência do amor. Ele estava consciente da verdadeira essência do amor, ela ainda se encontrava adormecida pelas regras tradicionais do amor idílico e exclusivo sob a proteção do casamento. E no entanto a vida flui como deve, sendo infinitas as possibilidades e algures numa dessas possibilidades eles estavam juntos, expressando o seu amor de todas as formas. Na realidade tudo é amor, apenas este é real a ilusão de falta existe para que o sabor da ideia de o encontrar seja intensa quando ele nos desperta.

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