terça-feira, 14 de janeiro de 2014

#48 Reflexo

A vida é simples tal como é, pois ela é plena, ela é tudo. A vida é o absoluto. Todas as manifestações que ocorrem no absoluto são relativas, são mutáveis. Tudo passa, tudo se transforma. A vida continua sendo como é em cada uma das suas manifestações.O significado da vida encontra-se em cada momento, é aquilo que ocorre em cada momento. Cada ser humano é uma manifestação da vida, é uma experiência de vida a experienciar-se a si mesma. Através da limitação, do esquecer da verdade da essência, cada ser humano pode viver através dos contrastes a descoberta da sua essência. E estando presentes no momento presente estaremos a realizar-nos enquanto humanos. Nada podemos acrescentar àquilo que somos em essência. É só através de uma ideia de perda do que somos que iremos descobrir e valorizar tudo aquilo que somos. Enquanto humanos temos muitas dessas experiências em que após a perda de algo que tínhamos como garantido é que atribuímos o devido valor ao que tínhamos. Estas experiências são a vida que somos a dialogar connosco, por forma a que possamos despertar e desfrutar em pleno cada momento desapegados da ideia de posse, da ideia de especialidade.
Por vezes é necessária fazer uma longa caminhada de busca para concluirmos que tudo aquilo que procurávamos sempre esteve connosco no ponto de partida. E isso não significa que tudo tenha sido em vão, mas sim que era a experiência necessária, a preparação para que se revelasse em nós o esplendor da nossa essência. 
Tudo aquilo que temos como verdadeiro para nós, como real é ilusório. E esta ilusão não significa que não seja real, mas sim que não é aquilo que pensamos que é. Aquilo que temos como real é apenas uma perceção nossa, uma interpretação daquilo que é e não aquilo que é de verdade. 
E que seja assim faz parte da experiência humana e do processo de redescoberta da essência e não é bom ou mau por si só. Será um ou outro de acordo com o apego que colocarmos a cada uma dessas experiências. Descobrimos que somos iluminados na medida em que desfrutamos com desapego da realidade em que estamos inseridos.
O desapego significa que não nos limitamos a conceitos, que todas as barreiras que criamos ao longo da história pessoal de cada um se desvanecem e desse modo relembramos que tudo aquilo que julgávamos faltar na verdade sempre existiu em nós, é quem somos. Já somos tudo aquilo que poderíamos desejar ser e descobrimos isso quando deixamos de desejar ser diferentes daquilo que somos e daquilo que já existe na nossa realidade. As dificuldades e problemas que existem na realidade de cada um de nós é resultado desse desejo de que as coisas sejam diferentes daquilo que são e dai resulta desconforto, resulta dor, resulta sofrimento.
E no entanto a realidade ganha sempre, leva sempre a melhor, porque é aquilo que é. Não poderia ser de outro modo, pois é o que acontece. Se acontece é perfeito que aconteça e estando presentes para aquilo que é seremos guiados ao melhor de nós em cada momento, com a certeza de que aconteça o que acontecer nada pode beliscar a essência que somos.

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