terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

#60 Reflexo

Para ser aquilo que é a realidade não necessita se esforçar, a realidade que habita cada ser humano é independente das suas vontades conscientes ou inconscientes. A realidade, a vida que se manifesta em cada pedaço da existência é perfeita e simples, assim como é. Ela não julga, ela nada exclui, tudo é integrado.
No jogo do ego a ideia de limitação, a ideia da dualidade sempre perene, é condição necessária à tomada de consciência da consciência de si mesma. A vida que é perfeita e imutável só através da dualidade se torna ciente de si mesma. E nessa dualidade é o jogo do ego que a torna possível, consubstanciada nas diversas relações que se estabelecem entre essas diferentes ideias de limitação personalizadas em cada ser humano. Estes são reflexos da essência, da vida plena e como tal são perfeitos por natureza, ainda que na perceção limitada de cada um desses reflexos, possam julgar os restantes reflexos como imperfeitos, como incompletos. É no jogo desses egos, na sua interação que se estabelecem as condições perfeitas ao desenrolar das estórias que levem ao clímax da descoberta da verdade última, do relembrar da verdade da perfeição e plenitude da essência, da vida como um todo.
Todas estas personalidades, todos estes seres humanos e restantes seres vivos são biliões de reflexos da essência, da vida, são diferentes pontos de vista da essência sobre si mesma e todos esses reflexos são temporários, eles vem e vão, começam e acabam, para que esses diferentes pontos de vista sejam sempre novos, sejam sempre diferentes. 
Cada ser humano sendo consciente da sua existência, da noção de estar vivos são parte integrante da vida, eles são a vida e não algo que surge na vida. A vida de cada ser humano não é algo que aconteça de fora para dentro, algo que lhe seja exterior, mas sim algo que ele é em todas as suas dimensões, sem exceção. Ainda que não tenha disso consciência, ele não deixa de ser vida em plenitude. E o não ter consciência faz parte deste jogo de dualidade, pois não poderia existir o alto se não houvesse o baixo, não haveria o grande se não houvesse o pequeno. Só existe a noção de ligado pelo contraste do desligado, do conectado pela junção ao desconectado. Assim se aplica a todas as manifestações neste jogo de dualidade. O objetivo não é quebrar esse jogo, deixar de o jogar, mas sim aprender a desfrutar dele, a aceitar que ele é assim. E que assim sendo é perfeito. A ideia não é matar o ego, vendo-o como a raiz de todos os males e sofrimento do mundo, mas sim, integrar esse ego, essa ideia de limitação deixando de se apegar a esses limites. Desfrutando assim da aprendizagem que advém desse diferentes pontos de vista dessa imensa vida que todos somos, sem exceção. Cada ponto de vista é uma nova visão consciente, ainda que parcial do todo, e que serve de aprendizagem para todos os outros que com ele contactam, seja por muito ou pouco tempo.
Essa visão limitada do todo permite o prazer da descoberta, o deslumbramento do novo, permite a expansão do nível de consciência na direção da essência.

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